Israel mata cinco jornalistas da emissora Al Jazeera em Gaza
- amgwebradioetv

- 11 de ago.
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Um conhecido jornalista da emissora de televisão Al Jazeera foi morto juntamente com quatro colegas em um ataque israelense neste domingo (10/08) na Faixa de Gaza. A ação militar direcionada, admitida por Israel, foi condenada por organizações de jornalistas e grupos de direitos humanos.
Os militares israelenses confirmaram ter alvejado e matado Anas al-Sharif, alegando que ele liderava uma célula do Hamas e estava envolvido em ataques contra Israel.
A Al Jazeera rejeitou a alegação. Antes de morrer, Sharif também havia rejeitado acusações de Israel de que ele tinha ligações com o Hamas, grupo fundamentalista considerado uma organização terrorista pela União Europeia (UE), Alemanha, Estados Unidos (EUA) e outros.
ONGs que repudiaram o ataque afirmaram que Sharif se tornou um alvo por causa de suas reportagens na linha de frente da guerra em Gaza e que a alegações de Israel carecem de provas.
"Tentativa de silenciar vozes"
Sharif, de 28 anos, estava entre um grupo de quatro jornalistas da rede catari Al Jazeera e um assistente que morreram em um ataque direcionado contra uma tenda em que estavam perto do Hospital Al-Shifa, no leste da Cidade de Gaza, segundo informações das autoridades de Gaza e da rede Al Jazeera. Um funcionário do hospital disse que o ataque matou outras duas pessoas e danificou a entrada do setor de emergências do complexo hospitalar.
Chamando Sharif de "um dos jornalistas mais corajosos de Gaza", a Al Jazeera afirmou que o ataque foi uma "tentativa desesperada de silenciar vozes em antecipação à ocupação de Gaza".
Os outros jornalistas mortos foram Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal, informou a Al Jazeera.
O primeiro-ministro do Catar, país de origem da Al Jazeera, Sheikh Mohammed bin Abdul Rahman al-Thani, condenou a morte dos jornalistas. "Esses crimes são inimagináveis" e revelam "a incapacidade da comunidade internacional e de suas leis de impedir essa tragédia".
Prêmio Pulitzer
Sharif fazia parte de uma equipe da Reuters que, em 2024, ganhou o Prêmio Pulitzer na categoria Fotografia de Breaking News pela cobertura da guerra entre Israel e o Hamas.
Os militares israelenses afirmaram em um comunicado que Sharif era o chefe de uma célula do Hamas e "responsável por promover ataques com foguetes contra civis israelenses e tropas das Forças de Defesa de Israel (FDI)", citando informações de inteligência e documentos encontrados em Gaza.
Israel acusa jornalista de ser "terrorista"
Em uma publicação nas redes sociais, as Forças de Defesa de Israel (FDI) justificaram o ataque contra Sharif afirmando que ele era"um terrorista".
"Atingido: O terrorista do Hamas Anas Al-Sharif, que se passou por jornalista da Al Jazeera. Al-Sharif era o líder de uma célula terrorista do Hamas e promoveu ataques com foguetes contra civis israelenses e tropas das FDI. Informações de inteligência e documentos de Gaza, incluindo listas de membros, listas de treinamento de terroristas e registros de salários, comprovam que ele era um agente do Hamas integrado à Al Jazeera. Um crachá de imprensa não é um escudo para o terrorismo", diz a publicação.
De acordo com a rede BBC, há indícios de que Sharif tenha trabalhado num braço de mídia do Hamas antes do conflito, mas não há sinais concretos de que ele tenha "chefiado uma célula terrorista" como Israel alega. Israel também não teve a dizer sobre os outros jornalistas mortos no ataque.
Foi a primeira vez desde o início da guerra que as forças de Israel assumiram rapidamente a responsabilidade pela morte de um jornalista em um ataque.





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