Polícia de Los Angeles inicia 'prisões em massa' após toque de recolher, e protestos seguem pelo sexto dia

A polícia de Los Angeles iniciou "prisões em massa" depois que um toque de recolher entrou em vigor em parte do centro da cidade, segundo a rede americana CNN. O número de detenções passa de 380 pessoas nos últimos quatro dias — incluindo quase 200 prisões apenas na terça-feira — de acordo com o chefe de polícia, Jim McDonnell.

A prefeita Karen Bass impôs um toque de recolher das 20h às 6h na terça-feira em uma área de 1,6 km² do centro da cidade, onde as tensões têm sido elevadas durante as manifestações. Segundo ela, 23 estabelecimentos comerciais foram saqueados na noite anterior, muitos também foram vandalizados e a área foi coberta de pichações.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, acusou o presidente Donald Trump de abusar de seu poder ao mobilizar tropas em Los Angeles e alertou outros estados para que se preparem para distúrbios semelhantes, à medida que os protestos contra as batidas de imigração entram na quinta noite e se espalham para outras cidades, incluindo Nova York e Chicago. No Texas, o governador Greg Abbott anunciou o envio de tropas da Guarda Nacional para "garantir a paz e a ordem" na região antes dos protestos programados para ocorrer no sábado.

Trump autorizou o envio de até 4 mil soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais da ativa para Los Angeles, decisão tomada apesar das objeções de Newsom e Bass. Ambos afirmam que a presença federal é desnecessária e pode agravar ainda mais as tensões. Na terça, Newsom disse que Trump ignorou as autoridades estaduais e locais para organizar o que chamou de mobilização militar ilegal e inflamatória.

— A Califórnia pode ser a primeira, mas está claro que não vai terminar aqui. Outros estados serão os próximos — disse o governador democrata. — A democracia está sob ataque bem diante dos nossos olhos. O momento que temíamos chegou.

A administração Trump argumenta que a situação em Los Angeles está fora de controle e que forças federais são necessárias para apoiar os agentes de imigração e restaurar a ordem, embora os casos de violência sejam classificados como isolados pelas autoridades locais. O Pentágono afirmou que as forças estão lá para proteger agentes de imigração e propriedades federais, não para confrontar os manifestantes.

— Acho importante não minimizar o vandalismo e a violência que ocorreram — disse Bass. — Mas é extremamente importante saber que o que está acontecendo neste quilômetro quadrado não está afetando a cidade. Algumas imagens dos protestos e da violência dão a impressão de que se trata de uma crise que atinge toda a cidade, mas não é.

Protestos se espalham

Em LA, pequenos protestos ocorreram na terça, concentrando-se em frente a um prédio federal que se tornou símbolo do descontentamento social contra as operações de detenção e deportação de imigrantes irregulares. No meio da tarde, no entanto, a polícia começou a dispersar as pessoas com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

Em Nova York, o prefeito Eric Adams disse que a cidade não vai “permitir violência e desordem” como em Los Angeles, enquanto a comissária de polícia Jessica Tisch deixou claro que o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) não vai “abdicar da responsabilidade” em favor de outras forças.

Na noite de terça, centenas de manifestantes marcharam por partes do sul de Manhattan, segurando cartazes com “Fora ICE de Nova York” (sigla em inglês para o Serviço de Imigração e Alfândega), enquanto alguns entraram em confronto com policiais, resultando em mais de 20 prisões, segundo uma fonte familiarizada com as ações das forças de segurança. No auge, havia cerca de 2 mil manifestantes nas ruas.

Fonte: O Globo